Somos livres

Alguém explicou a você o que é ser livre? Alguém lhe comunicou que você é livre? Livre para amar, ser amado, desejado, livre para pensar, brincar, ser como criança se assim desejar. Você e eu. Somos. Livres. Livres para sermos felizes. Só precisamos descobrir do que precisamos para sermos felizes. Do que você precisa?

Conversei hoje com uma tia minha, com a qual eu não falava há pelo menos 17 anos, Tia Luciana, Tia Lú. Como foi bom colocar pelo menos em parte, a conversa em dia. Algo bem objetivo, porém claro. Ela se mudou para Nova Petrópolis no sul do Brasil. E é muito feliz. E ambas estamos procurando a tampa da nossa panela. Se bem que talvez sejamos duas frigideiras sem tampa. Mas como ela disse: "Tu ainda é muito nova Sophie". Talvez ela tenha razão. Talvez eu encontre uma pessoa que queira me fazer feliz. Mas tenho a tendência de acreditar que sou mais uma frigideira.

Mas eu estava escrevendo sobre liberdade. Liberdade de escolha. Liberdade para dizer não ou sim. Liberdade para viver. Somos livres para  encontrar nossa felicidade. E digo uma coisa, nossa felicidade não está simplesmente num trabalho, numa profissão ou em um amor. Nossa felicidade está em ter um pouco de cada coisa: amor, trabalho, profissão, reconhecimento, valorização, saúde espiritual, saúde física, prosperidade, amizades, filhos, entre outros. Com uma boa dose de cada um podemos ser felizes. Mas sempre teremos que escolher, e sempre em cada escolha temos algo a perder, mas devemos analisar, pesar, mensurar os ganhos futuros.

Sou feliz hoje em saber que tenho uma profissão MA-RA-VI-LHO-SA, um filho lindo e maduro, amigos fiéis de alma boa, uma vida espiritual sadia baseada na fé em Deus, saúde física após minha segunda chance e amor demais para dar à alguém que se permita receber...rsrs. Sou livre para continuar fazendo escolhas...

Somos livres como as maiores baleias dentro dos imensos oceanos de nosso planeta, ou livres como um arco íris que invade o ar e os céus de cores. Somos seres lindos criados à imagem e semelhança de Deus que ocupam a terra por um propósito. Qual é o seu? Por que você está com vida? Por que está aí, neste exato momento, zanzando por esse mundão, lendo este texto? Pense e responda a si mesmo.


Mesmo que ainda um ser humano esteja algemado;
algemas podem até segurar o corpo, porém a alma permanecerá livre.

Quando as respostas chegam

Por que temos que encontrar as respostas sempre no final da linha, no final de tudo, no final de um novo começo? Por que nesse momento? Porque as perguntas nos assombram na noite e as respostas chegam na madrugada? Por que as noites são cruéis? E por que as manhãs são como bálsamo?

Procurava alguém gentil, procurava proteção, paz, amor. Procurava diálogo, carinho, conforto, segurança, compatibilidade, emoção. Sempre procurei por isso tudo. E isso não encontrei nos braços de homens, seja pai, marido ou namorado. Procurei nos braços de homens, sim, mas não encontrei. Procurei até o fim da linha....Só existe um lugar onde encontramos tudo isso.

Muito Antes do AVC
Muito antes do AVC eu era intercessora, levita, esposa. Pouco antes do AVC eu estive perdidamente apaixonada, antes do AVC fiz besteiras, falei besteiras. Antes do AVC tive momentos bons e momentos ruins. Mas antes do AVC havia uma coisa que eu não fazia. Eu não refletia. Eu agia por impulso. Agora após o AVC é o momento de refletir? Antes tarde do que nunca. Refletir em cada gesto, em cada ação, agora é necessidade. 

Dei um tempo
Dei um tempo da igreja. Dei um tempo de mim mesma. Dei um tempo de Deus (uma atitude extremamente perigosa). Mas mesmo em minha ignorância e infidelidade à Deus,  Ele sempre esteve comigo....mesmo assim. Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo. 2 Timóteo 2:13. Pela Sua verdade, Ele continuou ao meu lado, e também continua ao seu lado. 

É hora de mudança
Um amigo me escreveu "Não pude visitá-la, mas rezei muito. Normalmente esses acontecimentos servem para refletirmos muito sobre a vida e as relações que temos com ela. Apesar de você adorar a sua profissão, sempre achei e continuo achando que você é um desperdício de talento e inteligência. Seu perfil é de mentora, criadora, consultora, transformadora. Não de executora! A gente fica muito estressado com esse exército de alienados, limitados e apedeutas que não nos entende. Saia desse mundo!"
Sempre estamos a espera de uma oportunidade. Sempre esperamos uma mudança, uma virada. E qual é o momento certo? Na verdade não há momento certo ou errado. Quem faz o momento é você, sou eu, somos nós. É você quem comanda cada minuto, cada segundo de sua vida. Cada neurônio seu é comandado exclusivamente por você.


"A fé dissipa a dúvida e a hesitação, liberta-nos do sofrimento e nos conduz à terra da paz e da felicidade". 
Dalai-Lama.

Melhor letra e melodia do mundo

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Só você é capaz de fazer as perguntas certas. 

E se é capaz de fazer as perguntas certas, 
também o é para encontrar as respostas certas. 

As únicas que interessam. Seja feliz.

Pensando nos próximos passos

Quais serão os próximos passos?

Imagem da Internet

Amigos que me visitaram me disseram: "Aproveite esse tempo para pensar". Ganhei livros que me ensinaram sobre atitudes, sonhos, metas e qualidade de vida. Aprendi que o maior valor de todos é o amor. Amor por um filho, amor pela vida, amor pelo corpo que Deus me deu, amor pela mente sadia que Ele me deu. Também aprendi que o amor de um filho por uma mãe não é medido por lágrimas ou por desespero, mas sim por atitudes, gestos, carinhos e mansidão. Aprendi que um ex-marido pode se tornar um melhor amigo. Aprendi que existem pessoas estranhas à você mas que de repente tem uma compaixão e uma empatia sobrenatural [é o caso dos(as) técnicos(as) de enfermagem e dos(as) enfermeiros(as)].

Uma coisa eu aprendi na igreja: "tudo que você não encontra resposta no natural é por que se trata do sobrenatural de Deus". Estar à força no hospital repensando na vida é sobrenatural, é coisa de Deus. Estou sendo preparada para algo novo, algo lindo que está se formando nos dias à frente. Ficar estes dias no hospital sendo cuidada, orientada, com zelo e carinho sobrenatural é coisa de Deus. Tem a mão dEle.

Recebi telefonemas de amigos de muitos anos atrás, do "Seu" Nilo, da Abendi, da Karina Oliveira. Recebi emails de força e torcida, recebi mensagens lindas no facebook. Recebi motivação, energia, e uma força que me motivou a dividir essa minha experiência. Experiência que eu qualificaria como inspiradora, sobrenatural. Experiência que poderá soprar bons ventos nas almas destes meus amigos queridos.

Recebi a visita dos meus primeiros chefes organizadores de eventos, Andrea e Ivan. A Andrea apareceu por duas vezes na UTI. Na primeira delas ela me pediu perdão por me ensinar a absorver o trabalho, os problemas. Respondi a ela que de nada adiantava perdão naquele momento. Se ela, Andrea Lemos Britto não fosse a profissional de eventos que ela é, talvez eu nunca teria me tornado uma profissional de eventos, cheia de paixão e de tesão pelo que faço. Só me tornei uma profissional de eventos, por causa de um dia ter conhecido a Andrea e seu pai, "Seu" Britto, Lemos Britto. Idealizadores, sonhadores e principalmente realizadores. Com eles aprendi a escrever projetos de eventos e a torná-los realidade. Como podemos ser excelentes pais se não tivermos uma referência, uma base? Como podemos nos tornar excelentes profissionais se não tivermos bons exemplos? O Ivan, não sei como apareceu na semi intensiva às 7h30 da manhã de um lindo dia de sol. Foi bom colocar a conversa em dia. Foi bom saber que todos nós, loucos por eventos, não largamos o osso. Foi bom saber que amamos o que fazemos, foi bom saber que ainda é a mesma paixão que nos move.

Outra visita que marcou demais foi a Eliane. Eliane Bastos, uma pessoa, que de chefe, se tornou amiga e depois se tornou irmã. Torcedora da vida!! Acredita sempre que tudo dará certo. Sempre movida por uma forte intuição. Trabalhamos juntas, com um tesão e uma força revigorantes. Uma força que sempre esteve destacada, marcada pela excelência...

E a alma boa? Não poderia deixar de mencionar a alma boa da Silvana Mayer...ser humano especial, conectado com o mundo espiritual e com as necessidades de seus próximos. Nunca esquecerei de um dia de dificuldade, creio que era um domingo. Ela, Silvana apareceu em minha casa com um almoço inteirinho pronto. Mal sabia ela que aquele dia eu e o Lipe não tínhamos o que almoçar....A Silvana é assim: especial, iluminada, com fritas extra, queijo extra, tudo extra...rsrsrs.

Gostaria de agradecer meus amigos que vieram me visitar, Taís Fraile, Fernando Merida, Leandro, Silvana, Edu, Dna. Patsy, Dudu e Fatinha, Alessandra, Alexandra e Beto, Irany, Eliene, Adriano, Danielle, Mauro, Getúlio Correa e namorada...(oh trem bão Getúlio...promessa é dívida!).

Aos que vieram e não conseguiram entrar: Maria Zoraide, Catherine, Ricardo da Quality, Diana da KM Staff. Obrigada! Recebi a torcida e a energia de vocês!

Aos meus familiares Gelson, Dna. Maria, minha prima Geórgia, a Neusa que me criou desde que eu era um bebê e ainda hoje cuida de mim, Ana Lúcia, Valdete....ao Nenê. À todos....meu coração agradecido!!

Me resta agora orar por dias e um futuro melhor ao lado do meu filho que é uma benção e que mais um dia dorme aqui ao meu lado! Philippe, obrigada por ser o filho que você é...Quero que saiba que eu e seu pai te amamos demais e que não esperávamos que você se tornasse esse ser humano que é hoje...Você me surpreende a cada dia...É mais maduro do que eu imagino!

Beijos e boa noite a todos! Talvez amanhã eu esteja de alta do hospital! Veremos!

Noites com pressão alta

No início da minha estadia na UTI foi especialmente difícil a convivência com o barulho das máquinas de monitoramento. Elas não paravam nunca. Não sei o nome daquele trem, mas ele não dava sossego. A cada identificação de pressão alta o barulho... 

...era enlouquecedor, como um alerta. Assim que o barulho começava parecia uma orquestra, uma sinfonia, parecia que todos os demais equipamentos, conectados com meus demais vizinhos, também pacientes, também soavam. Coitados dos técnicos de enfermagem que corriam de um box para outro tentando controlar as pressões arteriais dos pacientes, além da sinfonia das máquinas. Esses técnicos e os enfermeiros merecem nossos aplausos....Hospital Samaritano: Eu como organizadora de eventos gostaria de organizar algo de especial para estes que estão no dia-a-dia ao lado dos pacientes!!! Eles merecem!

Além do controle da pressão contínuo, ganhei uma amiga...o nome dela é Heparina. O laboratório que a inventou, deve estar rico....Obrigada Heparina por correr por tanto tempo em minhas veias. Agradeço também o setor de compras e de farmácia por não deixar minha amiga em falta nos estoques....

Hoje meu amigo é o Marevan, substituto da Heparina, mais calmo de ser ingerido pelo corpo (apenas via oral hoje em dia - agora que estou fora da UTI e da semi intensiva). Isso por que a Dna. Heparina é duro na queda, apenas na veia....pobres coitadas das minhas veias...chegaram a secar....E os TTPA´s então...tiveram noites e dias em que o sangue só se coletava do pé...era onde estavam as únicas veias dispostas a doar sangue!

Glórias a Deus eu ganhei mais tempo. Tempo pra amar, tempo para chorar, abraçar, rir, gargalhar ou simplesmente como agora ouvir meu filho tirando no violão uma música clássica (som abençoado), ao meu lado neste quarto de hospital (agora são 22h33 do dia 28.03.2012). Lindo...Obrigada meu Deus por mais esse tempo! Tempo para viver mais e melhor! Tempo para descobrir que eu já era feliz e continuarei a ser feliz!! Amém!

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Última noite na UTI

Eu sabia que estava de alta da UTI, mas sabia também que provavelmente seria transferida para a semi intensiva, somente durante no dia seguinte. Eu estava curiosa em saber quem passaria a última noite de UTI comigo. Fiquei radiante quando soube... 


...que seria o plantão da divertida Maroca, da iluminada Kátia e do doce e bonzinho Marcos. Os três são profissionais espetaculares, que tive o prazer de conhecer. Assim que possível avisei o Marcos que eu iria querer aquela higiene básica com a Mara e a Kátia que me preparavam para dormir; elas cuidavam de mim, cuidavam até do meu cabelo, me deixavam cheirosa, tranquila e em paz. Isso é fundamental pra mim;  para uma boa noite de sono, preciso estar até com perfume. Mal sabia eu, que esse carinho de sempre, seria um problema para o enfermeiro responsável pelo plantão daquela noite. Como diziam na UTI, eu tinha ouvido de tuberculoso, eu escutava tudo, de todos. Sabia de tudo. Naquele plantão comecei a perceber algo incomum.

Para que você tenha uma ideia, antes da troca de plantão, eu já estava com vontade de fazer xixi. Logo que as meninas chegaram, pensei em não incomodá-las logo de cara. Logo, houve um momento em que elas saíram; penso que era um intervalo para comer ou tomar café, algo do gênero. O Marcos havia ficado. Avisei novamente o Marcos que assim que elas voltassem, eu precisaria de ajuda para fazer xixi e desejaria aqueles cuidados básicos de higiene. Ele percebeu que havia urgência na questão.


Assim que a Kátia e a Mara chegaram do intervalo, o Marcos transmitiu o recado, inclusive com a mesma intensidade e sentido de urgência do meu pedido. "Agora não!" eu escutei. Era a ordem do enfermeiro de plantão. Ignorante. Na hora eu pensei "tô lascada". Não sei o por quê, mas aquele projeto de enfermeiro deu ordem para que eu não fosse atendida naquele momento. Para meu desespero.  Ambas teriam problemas se me atendessem naquele momento...teriam problemas com o idiota. Já pressentindo o desastre, eu já havia me enrolado toda em toalhas e lençóis que estavam sobre a cama. Havia feito uma cabana improvisada, para esconder a bagunça. Eu já sabia que eu não me aguentaria. E assim foi. A barragem explodiu. Foi quase um tsunami. Me urinei toda. Cuidei para que todas as toalhas e lençóis absorvessem o material indesejado. Foi um alívio, mas eu sabia que a vergonha chegaria rápido. Fazer xixi na cama com 36 anos de idade?

Na primeira oportunidade, em que o Marcos passou pela frente do meu box, pedi a comadre novamente, eu mal podia respirar, não aguentava mais, pois eu ainda segurava um determinado saldo dentro de mim. O Marcos veio à porta e me disse que as meninas já viriam me atender. Respondi que não. Eu disse: "Marcos tô apertada quero a comadre, por favor". Ele percebeu a desgraça chegando. Me deu a comadre e assim eliminei o saldo que ainda habitava em mim. Mas o Marcos não era bobo, quando viu minha comadre meio vazia, logo perguntou: "Você fez xixi na cama?", "Fiz" respondi constrangida. Ele ficou com pena de mim, deu para perceber. Ele comentou com o enfermeiro e com as meninas que eu havia me urinado toda. O tom do comentário dele transmitia a seguinte ideia "pô meu, era sério, ela pediu várias vezes, agora sobrou pra mim...".


Fiz eu mesma a minha higiene com um monte de lenços umedecidos, recusaria qualquer ajuda após os comentários daquele enfermeiro maldito, chefe de plantão. Babaca. Idiota. Imbecil. Mas enquanto faltava bondade por um lado, sobejava do outro. O Marcos, todo solícito, sempre a postos, compreensivo e gentil, trocou todos os meus lençóis, limpou minha cama, organizou minha bagunça e me arrumou para finalmente poder dormir em paz. Eu queria chorar, mas não consegui de tanta raiva que senti. Eu estava ansiosa para aquela dia acabar logo. Não esperava que minha última noite na UTI que salvou minha vida acabaria daquela forma.


Querido Marcos, você que me aturou, cuidou de mim com tanto zelo e carinho, peço que Deus o abençoe ricamente. Você foi um exemplo de profissional durante minha estada na UTI. Foi verdadeiro e honesto. Você foi uma benção!



Assim como qualquer ser humano,existem profissionais da saúde de elevada estima e caráter, e outros de conduta bem duvidosa.



Pessoas: a diferença na UTI (Parte II)

No post anterior, eu mencionei a palavra 'rotina'; mas não pense que o ambiente era calmo e tranquilo. Que nada. Havia uns 8 pacientes, máquinas que apitavam direto, mais a equipe que deveria ter por baixo umas 20 pessoas, entre técnicos, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos. Era uma muvuca organizada.

De vez em quando havia até algumas mudanças bem interessantes, naquela "rotina". Era necessário manter o ritmo, a fé, para enfrentar momentos tristes, como a morte, por exemplo. 

Nos últimos dias da minha estadia na intensiva, uma porção de jovens surgiu naquele ambiente. Eram jovens recrutados pelo hospital, que passavam por um período de treinamento. Estes eram orientados e acompanhados pela Emília. 


O Carlos lindo, fofo, doce, que sempre fazia brincadeiras com o Jackson...outro fofo.  A enfermeira Ana Lúcia (já amiga no Face), a Lisiane, a Lilian (outras duas que já estão no meu Face),  a Margarete, Andria e a Vanessa. Obrigada; todos vocês foram maravilhosos comigo.


Os médicos da UTI então....sem palavras dra. Haliana, dr. Caio, dr. Felipe, dra. Valquíria...todos fantásticos.  E o que dizer da frenética e vibrante dra. Rosa? MA-RA-VI-LHO-SA! Simples assim! Médica que bota fé no paciente! Positiva! Exigente! Ousada! Adorei conhecê-la. Logo pela manhã, no início do plantão dela, eu já ficava ansiosa esperando o "alô" dela.  Mesmo sem eu pedir ela vinha no meu box 346...conversava comigo, perguntava se eu havia dormido bem, como eu havia passado a noite (foi numa dessas manhãs que eu relatei à ela minha primeira noite de sono tranquila e sem pesadelos). Uma pessoa realmente gentil e atenciosa. Obrigada doutora!

E meus médicos diretos! Dr. Rafael,  Dr. Lécio, Dra. Carla, Dr. Renato Anguinah, neurologistas. O Dr. Wen que vigiava meu edema de perto e Dr. Paiva, neurocirurgiões (meu lindo cabeção escapou das mãos deles...rs). Profissionais cautelosos, cuidadosos....váááárias tomografias...para estudar a evolução do meu caso. Até investigaram a fundo a causa do AVC (que foi a dissecção de uma artéria na base do pescoço). Lindos! Obrigada por tudo! O que seria do Samaritano sem essas equipes, sem esses profissionais? Hein?

Acredito piamente no sucesso da minha recuperação. Dedico meus agradecimentos a Deus e aos técnicos que conviveram comigo na UTI são eles: a SO-TE-RO-PO-LI-TA-NA BÁ (para os íntimo) ou Bárbara, Daiane (loirinha), Silmara, Débora, Marcos, Kátia, Maroca linda agora renovada após cortar as madeixas...rsrs. Renatinha, Dani e o Everton (três jovens em treinamento com a Emília). Carlos, Jackson, Robson, Celso e Alessandra. Obrigada time lindo!!

Preciso agradecer também a equipe de fisioterapia Cris, Roberta, Paula, Juliana, Flávio, Soraya e o Mauricio que me deu uma %#&+ bronca sobre o ato de engolir. Obrigada Maurício! Realmente é mais fácil engolir saliva do que água! Você tinha razão!


Depois da bronca do Maurício comecei a treinar o ato de engolir, por várias vezes, de dia e de noite eu treinava...engasguei muitas vezes, com água, com saliva, mas eu precisava reaprender a engolir. Mesmo com uma sonda atravessando meu nariz, garganta e esôfago, treine, pratiquei, até dar certo....e deu certo!!! No dia seguinte eu já estava comendo papinha de fruta e comida pastosa....Obrigada Maurício!!




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Pessoas: a diferença em uma UTI

Depois de uns dois dias de inconsciência, percebi a realidade do meu novo habitat; a UTI do Hospital Samaritano, em São Paulo. Como forma de me agarrar à vida, comecei a prestar atenção à tudo ao meu redor. Eu deitada ali naquele leito, praticamente imóvel, fiz o que eu podia: analisar tudo o que estava ao meu alcance, as pessoas e suas rotinas. Eu procurava falar o quanto eu pudesse com quem eu pudesse. Procurava ouvir todos os sons. Foi uma forma que encontrei de me agarrar à vida. 


Eu queria me manter consciente, alerta; eu sentia uma necessidade de manter meu cérebro em atividade. Tenho quase certeza que era medo de morrer. Passei a saber mais sobre os pacientes ao meu redor; eu já havia memorizado os horários das radiografias, das tomografias; além do meu cérebro, meu corpo havia memorizado a hora do banho - um dos momentos mais felizes do meu dia. Passei, eu também, a ser uma das rotinas daquele lugar. 

Mesmo com uma tontura que até hoje persiste, eu me esforçava para gravar fisionomias, nomes, vozes. Os primeiros dias na UTI foram os mais difíceis, muito sonolentos porém inquietos, sempre na companhia daquelas máquinas infernais de monitoramento. O barulho dessas máquinas realmente foi um problema. Eu me sentia cansada, mas não conseguia descansar (ou não queria - medo de dormir e não acordar mais). O começo da minha reconstrução foi difícil. Foi difícil dominar a pressão alta, ficar sem comer e sem beber nada, urinar com sonda, me alimentar com sonda, ficar completamente rouca. Foi particularmente difícil e constrangedor cuspir, em todo tempo, sobre uma toalha, a saliva que insistia em trabalhar. Aos poucos a pressão alta, que era o maior dos perigos, se rendeu aos remédios e ao profissionalismo dos médicos, enfermeiros e técnicos.

Técnicos como a Roseli que, logo no começo da minha estada na UTI, já passeava comigo pelo s corredores do hospital, me acompanhando até a sala de ressonância e tomografia. Exames que eu tinha que fazer todos os dias e por causa da sonolência, eu precisava repetir o procedimento várias vezes. Me lembro do rapaz de cabelos negros e jogados para trás, o Rafa; ele me dava bronca, tentava me manter acordada.  Sei apenas que ele era lindo demais, com um vozeirão maravilhoso...ahhh meu Deus...como pude ficar sonolenta?! >> Rafa, juro que tentei não decepcioná-lo!

Em um outro encontro na ressonância, a Thaise me ajudou a lembrar do nome dele....descrevi os cabelos e o vozeirão daquele anjo, e ela prontamente me informou o nome: "é o Rafa". Eu realmente não estava muito bem para gravar o nome de todos. A Thaise me viu váááárrriiiassss vezes e sempre me chamava pelo nome...Isso é bom demais. Ser tratada pelo nome me lembra que ainda havia humanidade em mim.

Além da Roseli que cuidou de mim na madrugada, um fiel companheiro que também cuidou de mim foi o Marcos. Conversávamos sobre Deus, igreja, casamento, família, filhos,...foi ótimo conhecê-lo. Por uma madrugada uma moça chamada Daiane, loirinha, baixinha cuidou de mim...um docinho, moça de tudo...fiquei abismada com a pouca idade dela.

E como não lembrar dos momentos especiais na companhia da Maroca e da Kátia Lira....lindas. Eu, ainda deitada, me entregava de corpo e alma. A higiene e o banho eram procedimentos realizados sobre a cama mesmo, com o paciente acamado. A Mara e a Kátia me conheceram melhor e perceberam que eu era vaidosa, que gostava de limpeza, cremes e cheirinhos. Me limpavam, trocavam meus lençóis, passavam creme no meu corpo todo (eu tinha um creme iluminador da Natura que fez um sucesso tremendo naquela UTI). Depois de tanto carinho e com lençóis novos e fresquinhos eu poderia tentar dormir. Passaram alguns dias e esse carinho se tornou fundamental para que eu adormecesse. Era uma das formas de driblar o foco que havia nas máquinas infernais de monitoramento.

Um dia eu estava bem deprê. Longe de casa, longe do meu filho, dos colegas de trabalho, longe do meu fiel Spike...eu estava bem pra baixo, meio caidinha e ainda não era a hora da visita das 21h. Eu só podia ficar deitada. A equipe de plantão percebeu meu abatimento e invadiu meu box. Me deram aquela "sacudida". O Marcos estava no meio. Trocaram meus lençóis, fizeram uma higiene básica, me ajudaram com meus cremes e até me ajudaram a arrumar o cabelo. Conclusão: fiquei apresentável para a hora da visita.

Posso dizer que esses momentos de carinho me salvaram. Cada momento de carinho resgatava aos poucos minha auto-estima (que ainda dormia em meu inconsciente, pós derrame). Sei que alguns médicos e enfermeiros plantonistas acham isso uma frescura...mas deixo pra lá. Não vale a pena registrar isso. O que vale a pena registrar são os lindos e tão esperados momentos dos banhos de água (como diziam a Débora e a Marcinha). O meu primeiro banho, pós derrame, foi com o Celso da Semi I. É preciso mencionar...esse banho se tornou uma referência para mim. Paciente acamada, totalmente entregue ao colchão, tomando banho (com água mesmo). Foram muitos os cuidados, grande o zelo e tudo com muita atenção aos detalhes...Celso! Obrigada!

Os banhos dados pela Débora, Silmara e Marcinha também precisam ficar devidamente registrados. Água...muita água, carinho e cheiro bom....aí delas se alguém visse a quantidade de água...rsrs. Era divertido. Eu era delicadamente revirada pelas três damas, muita, mas muita água. Débora, Silmara e Marcinha: profissionais que estimam o bem estar do paciente...lindo!! Amei ter conhecido de tão perto a atuação e o nível de profissionalismo de alguns técnicos e enfermeiros. Deve haver algum propósito espiritual nessa profissão. Não consigo encontrar uma explicação natural para este tipo de ação. Só pode ser sobrenatural. Dom de Deus.

Para ser um profissional da saúde exemplar, precisa ter dom de Deus

Na Emergência:

A senhora fuma? Faz uso de drogas? Remédios? Anticoncepcional? O que está sentindo agora? Fez alguma cirurgia? Quais?


Imagem: internet

Eu estava absolutamente consciente. Respondi a todas as perguntas. Chamei o enfermeiro, mostrei minha tatuagem com o nome do meu filho e disse: "Esse rapaz é meu filho e está na recepção me esperando, avise por favor que a mãe dele vai demorar, mande ele ir para casa". E ele foi.

Meu filho voltou um pouco depois que percebeu que tinha ido embora com meu RG e minha carteirinha do convênio médico. Ele entrou na sala de emergência onde eu estava e deixou os documentos sobre o lençol. Aí eu disse: "Avisa seu pai que estou na emergência do Samaritano".

Dei entrada na emergência com minha ficha às 14h08, mas creio que cheguei um pouco antes disso. Ao final de todas as perguntas e primeiros medicamentos me avisaram: "vamos internar a senhora".

Eu sabia que era grave, mas sabia também que meu celular estava em casa só depois que o André (meu ex-marido) aparecesse é que meus amigos e familiares saberiam do ocorrido.

Quando já estava na UTI consegui falar com o André. Primeira pessoa que pensei: "Taís". Amiga relacionada ao trabalho e vida profissional, que poderia avisar à bastante pessoas sobre o ocorrido. Era importante movimentar uma torcida, uma corrente do bem. e para isso a Taís era perfeita. Ela ficou sabendo no domingo logo que voltou de viagem. Momento propício para que seu pai e família clamassem em meio ao culto do domingo.

Depois mencionei ao André que avisasse a Dalvinha, da Igreja à qual eu me desgarrei. À pastora Beth e Bpo Luiz. A Dalvinha e seu marido apareceram, mas a Pra. Beth e o Bpo. Luiz não vieram...senti demais...era uma força com a qual eu contava...mas sei também que eles são obedientes e consultam Deus para cada coisa. Não tem jeito já concluí que teria de passar por isso sem o apoio deles. Já vivi muita coisa na Igreja e sei que tem lutas que a pessoa precisa viver e passar por elas só, só porém com Deus.

Além destas pessoas, pedi para avisar Eliane, Andrea (Lemos Britto), todos...todos que pudessem torcer por mim. E isso foi extremamente importante...As frases de apoio no Facebook, as reações e comentários, visitas como as da Danielle que recebi única e exclusivamente por causa do Facebook. Adorei...

Recebi ligações de pessoas queridas e distantes, uma ex-manicure chamada Marli, o zelador de um trabalho antigo chamado Nilo.....Surpresas boas.

Na segunda-feira, primeiro dia oficial, fiquei sabendo que umas dez pessoas tinham ido me visitar...foi bom saber que eu era querida... isso conforta o coração e motiva a luta e a reação.

O André foi um verdadeiro cavalheiro e amigo ao se tornar porta voz oficial. A Eliane também se mostrou a amiga que é ao se tornar porta voz para com o mercado de eventos, e a Silvana se mostrou como alma boa que tem ao cuidar até das minhas vontades e desejos alimentares preparando maçãs cozidas com calda....Incrível...Incrível...Incrível.

O AVC

Meu principal objetivo é poder escrever sobre as experiências que vivi, sentindo na pele, na alma e no espírito, sensações e emoções. Talvez o simples relato de algumas delas possa contribuir com algumas vidas.

Um dia antes do AVC
Era dia 9 de março de 2012, uma sexta-feira de trabalho normal. Houve na empresa uma mudança de espaço físico, no final da tarde. Mudei de mesa e na medida do possível procurei deixar os espaços em ordem.

Nos últimos dias eu andava produzida, maquiada, perfumada e ainda de olhos verdes escuros. A auto-estima estava em alta. A rotina de beleza em casa, durante todas as manhãs, estava preservada. Meu filho saia para a escola às 6h30.

No final do dia meu celular toca. Eu já sabia que ele tocaria. Sabia que era um homem mega charmoso do outro lado da linha. Era o José. Uns 22 anos mais velho. Culto, inteligente, gentil, cavalheiro, um doce. Nos conhecemos pela internet. Conversamos por muuuiiiitttto tempo.

Combinamos de nos encontrar após nosso dia de trabalho. Cavalheiro, José foi me buscar. Ficamos andando de carro pelo trânsito da cidade...ouvindo músicas antigas e conversando...quando passamos por uma rua tranquila, José parou o carro e me beijou apaixonadamente....Há tempos não me sentia assim...simplesmente mulher.

Uns 20 minutos depois eu já estava em casa com meu filho. Era cedo. Umas 20h. Eu sempre chegava tarde, mas naquele dia fora do comum eu já havia trabalhado, visto os colegas de trabalho, já tinha até namorado (à moda antiga) e estava em casa curtindo um filme na sala de tv, com meu filhote. Eu e meu filho acabamos adormecendo.

Dia 10 de março de 2012 - O Dia "D".
Era bem cedinho e o filhote já estava em pé. Ele me acordou e avisou que sairia para pesquisar preços de baixo e guitarra, o sonho dele. Ele tomou o café da manhã e dividiu um pão comigo. Eu ainda estava bem.

Acordei com uma baba gelada na bochecha...eca. Nunca babei!! Iria babar agora depois de velha? Virei a almofada do outro lado e voltei a dormir. Pouco depois acordei novamente, com uma nova baba na bochecha...Eu já estava com dificuldade para engolir...era a hora do almoço e meu filho já estava de volta. Pedi que ele buscasse o nosso almoço. Ele foi rapidinho...mas eu não consegui engolir....estava completamente tonta...o apartamento rodava...e eu já havia vomitado.

Tomei a decisão de me vestir e ir ao hospital. Quando eu estava me vestindo senti o lado esquerdo do corpo gelado. Sabia que era um AVC. Pedi ao meu filho que chamasse um táxi. A vontade de vomitar vinha novamente.

Meu filho, o zelador do prédio e uma moradora me ajudaram até o táxi. Ao chegar ao pronto-socorro do Samaritano, uma conclusão: Emergência e uma determinação: Internação na UTI. Era o começo de uma linda história de amizade, amor, bem-estar e reconstrução do meu ser.


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